26.3.05

Matrículas personalizadas XXXV a XXXVIII

MMKOMBI

ACREW2♥

♥URSAMA

ORGANEK

Palavras de ordem XI (Especial Moe's)

ALL USED POCKETBOOKS ARE 1/2 COVER PRICE.

Inveja aos amigos...

Cada vez gosto mais de passar pelo Moe's. Em que outro sítio se pode encontrar estes três livros por um total (já com o equivalente ao nosso IVA) de $2,45?

Com a medalha de ouro, a primeira edição em paperback (na realidade é a segunda tiragem, mas do mesmo ano, 1975) de Norstrilia, de Cordwainer Smith. A edição crítica da NESFA Press, contendo as variantes ao texto, é de longe muito melhor, mas esta é um collectible. Cito o blurb da contracapa, cuidadosamente pilhando excertos do primeiro capítulo:

A kid had bought Earth, and it was his.
Legally he had the right to pump up the Sunset Ocean, shoot it into space and sell water all over the inhabited galaxy.
He didn't.
He wanted something else.
The Earth Authorities thought it was girls, so they tried to throw girls at him of all shapes, sizes and ages - all the way from young ladies of good family down to dog-derived undergirls who smelled of romance all the time.
But he didn't want girls.
He wanted postage stamps.

A medalha de prata, após recurso ao photofinish, cabe a The Space Merchants, de Pohl e Kornbluth. Kingsley Amis sabia o que dizia, ainda nos anos 50, ao considerar esta um clássico. Leitura obrigatória para qualquer aspirante a copy numa agência de publicidade.
Finalmente, com um modesto bronze, Armageddon 2419 A. D., de Philip Francis Nowlan, de onde se originou o famoso (ainda?) Buck Rogers e originalmente publicado em 1928 na Amazing Stories.

Sodoma em Lego

The Brick Testament

Gn 19:5 - Bring them out to us so that we may lie with them.

Gn 19:8 - I have two virgin daughters

Mais uma visita ao Moe's. E aproveitando a época da Páscoa, encontrei algo hilariante: The Brick Testament, um livro de histórias da Bíblia, mais concretamente do Génesis, contadas a crianças e ilustradas com bonecos do tipo da Lego. 6 dólares, preço de saldo.
Só por si, a ideia já é fascinante, mas não conseguia despegar os olhos da secção sobre a destruição de Sodoma, em particular as passagens que subrepticiamente fotografei. Contar a crianças certas passagens do Antigo Testamento já deve ser problemático; como explicar então o que são filhas virgens ou as subtilezas da expressão «lie with them»?

Ainda movido pela curiosidade, tentei descobrir qual a versão usada no The Brick Testament, mas a busca não foi conclusiva, pois nenhuma das versões em inglês disponíveis online usa a expressão «lie with them» em Gn 19:5. Vale de resto a pena mostrar como as outras variantes desembrulham esta questão:
New International Version: Bring them out to us so that we can have sex with them. [prémio «puro e duro», ex aequo com todas as outras que usam a palavra «sex»]
New American Standard Bible: Bring them out to us that we may have relations with them.
The Message: Bring them out so we can have our sport with them! [prémio «pensão estrelinha»]
Amplified Bible: Bring them out to us, that we may know (be intimate with) them.
New Living Translation: Bring them out so we can have sex with them.
King James Version: Bring them out unto us, that we may know them.
English Standard Version: Bring them out to us, that we may know them.
Contemporary English Version: Send them out, so we can have sex with them!
New King James Version: Bring them out to us that we may know them carnally.
21st Century King James Version: Bring them out unto us, that we may know them.
American Standard Version: Bring them out unto us, that we may know them.
Young's Literal Translation: Bring them out unto us, and we know them.
Darby Translation: Bring them out to us that we may know them.
Holman Christian Standard Bible: Send them out to us so we can have sex with them!
New International Reader's Version: Bring them out to us. We want to have sex with them.

Já agora, fiquem também com as versões portuguesas disponíveis no mesmo site:
O Livro: Traz-nos cá fora esses homens que aí tens. Queremos possuí-los!
João Ferreira de Almeida Actualizada: Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.

E ainda há quem se queixe do South Park!

25.3.05

Sinceridade parte II

A caminho da estação dos correios, voltei a ver o tipo do «Trying to get a little drunk...». Mas também ele aderiu à moda dos upgrades. Em vez do cartão escrito à mão, uma impressão bastante profissional numa fonte ousada e atractiva (mas sóbria, o que pode ser considerado uma incongruência), com o texto aproximadamente a corpo 30 mas o «DRUNK» aí a corpo 72.
Na estação dos correios, estavam justamente a comentar o dístico, lamentando o objectivo mas elogiando a sinceridade.
Ao sair, a cliente que trouxe o assunto à baila estava a falar com ele, ao que parece com algum efeito, pois este tinha um ar bastante envergonhado.

Frente e verso

Os talões do Berkeley Bowl têm publicidade no verso. Se isso significa preços mais baixos, acho que a ideia devia ser imediatamente adoptada em Portugal.

24.3.05

Matrículas NÃO personalizadas and other trivia

Logo após a fotografia abaixo, fiquei sem pilhas na máquina fotográfica.

Aproveito por isso a ocasião para pôr em dia alguns factos sobre a vida americana, mais precisamente aqui em Berkeley, começando pelas matrículas dos automóveis.

As matrículas da Califórnia obedecem de modo geral ao formato 1AAA111, embora ainda se encontrem em carros antigos as versões AAA111 e 111AAA. Também já encontrei o formato 1A11111 e 1AA11111, mas são tão raros que me interrogo se haverá algum motivo para estas excepções. Há ainda uma outra excepção, mas essa não foi difícil perceber: tanto os carros da polícia como as matrículas temporárias (e que estão por dispensadas de imposto automóvel) têm o simples formato 1111111.

Moedas: o sistema faz lembrar o português há uns 15 ou 20 anos, antes de, com as moedas de 20$, se ter introduzido o princípio «1-2-5-10». Assim, as únicas moedas «pretas» são de um cêntimo (é muito fácil ficar com a carteira a abarrotar com elas), a seguir os nickels (5 cêntimos) são moedas brancas com um tamanho entre as nossas de 10 e 20 cêntimos. Os dimes (10 cêntimos) são, pelo menos para mim, a grande fonte de confusão para um recém-chegado: são mais pequenas do que as de 5, praticamente do tamanho das de 1, só com a diferença do tom prateado. A seguir vêm os quarters, de 25 cêntimos, aqueles que convém ir guardando para depois usar nas máquinas de lavar e secar roupa. Bom, talvez eu exagere: nem há falta destas moedas nem é difícil trocar nas lavandarias notas maiores por quarters. Desde há algum tempo, a moda introduzida pelo euro pegou: os quarters antigos estão a ser substituídos por outros em que uma das faces tem algo característico de um dos 50 estados. Curiosamente estão a ser emitidas ao ritmo de uma por dez semanas, pela ordem em que os estados foram sendo integrados.
Tudo o resto são notas, praticamente iguais entre si na cor e no tamanho, com aumentos mínimos para as (raras) de 50 e 100 dólares. Muda apenas o presidente ($1: Washington; $5: Lincoln; $10: Hamilton (Secretário do Tesouro, e não presidente); $20: Jackson; $50: Grant; $100: Franklin, que não foi presidente mas que merece o valor mais alto).
Há também moedas de $1, que devem ser muito procuradas pelos adeptos do Benfica pois numa das faces têm uma águia e o lema «Et pluribus unum». Ainda só apanhei uma!
[UPDATE] Já houve notas de valor superior, mas devido às falsificações e ao facto de serem usadas praticamente apenas pelo governo e pelo crime organizado (olha que parelha!) foram descontinuadas em 1946 e deixaram de circular em 1969. Também ainda não vi nenhuma moeda de 50 cêntimos: será uma espécie de assassinato simbólico do Kennedy?[/UPDATE]

Saber o quanto beber, para humanos e máquinas: temos tão interiorizado o sistema métrico que, à excepção da conversão entre quilómetros e milhas, é fácil perdermo-nos. Aqui vão algumas dicas. Não se usa a pint inglesa (6 decilitros e pouco), e sim a pint americana (0,473 l, cerca de 3/4 da britânica) embora ela esteja escondida. Começando pela onça (0,2953 decilitros), vamos subindo em potências de 2. Uma pint são 16 onças (os 0,473 litros que já indiquei); 1/4 de gallon são 2 pints (0,946 l), continuamos com 1/2 gallon (1,89 l) e chegamos ao gallon completo (3,78 l), que contém 64 onças. Pode-se comprar pacotes de leite em todas estas medidas (exceptuando a onça, claro), mas é raro encontrar sumo abaixo de 1/2 gallon. As garrafas de água são um pouco mais rebeldes (estou a beber uma de 20 onças, ou 0,591 l), e as bebidas alcoólicas aproximam-se muito dos equivalentes do sistema métrico, arredondando quase sempre para a onça inteira mais próxima.
Falta a gasolina: um gallon de gasolina anda agora (em média) pelos 2,5 dólares. Fazendo as contas, dá 66 cêntimos DE DÓLAR por litro (talvez uns 55 cêntimos de euro, o que quer dizer que a gasolina aqui está a metade do preço!)

3 Comentários:

At 7:51 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

O da nota de 10 também não foi Presidente, mas Secretário do Tesouro: Alexander Hamilton.

 
At 7:57 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

De todos, do que mais gosto é do Presidente Woodrow Wilson ;)
(nota de $100.000)

 
At 10:02 da manhã, Blogger Jorge M. Rosa escreveu...

Alô, Rogério. Mais uma vez obrigado pelos comentários e correcções. Aproveitei para conferir todo o post e não só acrescentei informações novas como também corrigi alguns erros. É o que dá escrever posts já com o sono a interferir com o raciocínio.

 

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Palavras de ordem X

(Num saco da loja da associação de estudantes)

23.3.05

Matrículas personalizadas XXXII a XXXIV

MAZNSHN

RACHA2

CAL MOM

Karma police

Na Califórnia, os carros da polícia são assim: pretos com as portas dianteiras e o tejadilho em branco. Os agentes têm fardas totalmente pretas.

Se a foto tivesse sido tirada alguns quarteirões acima, teria banda sonora, pois perto da Amoeba estava um dos habitués a tocar o «Karma Police» dos Radiohead na sua guitarra acústica.

Rhodomagnetic Digest

A Rhodomagnetic Digest era um excelente fanzine de fantasia (menos) e ficção científica (mais) publicado nos anos 50 (desconheço a data de término) aqui em Berkeley pela «Elves', Gnomes and Little Men's Science Fiction, Chowder and Marching Society». Parte significativa do corpo editorial incluia graduados e mesmo professores já doutorados da UCB, que contribuíam com artigos de valor académico (apenas aligeirados, mas muito pouco, devido à heterogeneidade de backgrounds dos leitores).
Não era um fanzine qualquer, e prova disso são as cartas enviadas por escritores e editores, como Horace Gold. Alguns dos autores de artigos viriam mais tarde a publicar livros e artigos académicos sobre ficção científica, outros já o faziam mas não se importavam de chegar a outro público. O mesmo viria a ocorrer com a Riverside Quarterly, cujo editor principal, Leland Sapiro, começou pela Rhodomagnetic Digest (é até possível que haja uma relação de filiação entre os dois fanzines, mas ainda não consegui confirmá-lo).
Nos números do início da década de 50, é possível ler alguns ataques, muito bem fundamentados, à cientologia/dianética, e ainda algumas palavras bem irónicas para o McCarthyismo (que logo que possa vou fotografar, pois têm de ser vistas em fac-simile).
Além dos assinantes e compradores avulso, este fanzine chegou a ter publicidade nalgumas páginas, para financiar os custos de produção. No número de Julho/Agosto de 1951, terminavam a conversa do «Anuncie aqui. Este espaço pode ser seu» com «Honest, our readers will buy anything. They bought this magazine.»
A sede dos «Elves», ou mais concretamente a tipografia onde eram produzidos os exemplares, ficava no número 2524 da Telegraph. Fui lá tirar uma foto, mas o edifício já não existe: a numeração salta do 2516 para o 2548.
[UPDATE (após uma amável sugestão do Rogério)]: O edifício mudou-se apenas para uma dimensão paralela. Claro que não posso revelar o local preciso do portal interdimensional; prometi-o aos «Elves»!

1 Comentários:

At 2:00 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Está lá, está. Tu é que não procuraste bem! Qualquer livro do Clive Barker explica que é só esticar a mão e abrir uma passagem ;)

 

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Amoeba Music

Além da Rasputin, a outra loja de discos -- tanto em primeira como em segunda mão -- é a Amoeba. Fica apenas um pequeno quarteirão abaixo, pelo que podemos imaginar a concorrência mútua. Ao longo destes dias, tenho visto mais gente com sacos da Amoeba, mas talvez seja apenas porque a Rasputin usa de preferência pequenos sacos de papel pardo, enquanto a Amoeba usa sacos de plástico brancos com o símbolo (aquele blob) em cores garridas. E depois tem a verdadeira atracção dos robots feitos de lata e objectos usados, que até parecem que dizem «Entra e compra-nos qualquer coisa!»

22.3.05

Matrículas personalizadas XXVII a XXXI

AUNT BOO

♥2QUACK

BOOPZY

MRSABTA

1 TABLE

Sintra em Berkeley

Muita chuva. Ao fundo, as nuvens baixas a roçar o topo das colinas dão-lhe ares de Sintra.

Ra-ra-rasputin!

Provavelmente a melhor loja de discos de Berkeley, principalmente porque é também (e acima de tudo) uma loja de discos usados, com CDs a óptimos preços. Por vezes conta com a presença de artistas, como acontecerá no próximo dia 30, data em que estarão os Ash.
Fica na Telegraph, a dois ou três quarteirões da universidade, como não podia deixar de ser.

Amanhã daremos uma voltinha pela concorrência.

Boicote-se!

Seja qual for a razáo envolvida, se se deram ao trabalho de investir num MUPI, então boicote-se!

21.3.05

Tá bem, abelha!

Até parece que não se sentia o cheiro a erva fresca pela manhã...

Palavras de ordem IX (update)

O carro é o mesmo de I e II, mas entretanto aproveitou para enriquecer a lista...

20.3.05

Palavras de ordem VIII

Na foto está muito pouco legível, pelo que transcrevo:
«DO NOT BACK INTO THIS SIGN!»

O problema é que, como julgo que dá para ver pela posição tombada do letreiro, houve alguém que não cumpriu...

Mistérios da flora americana

Alguém me sabe explicar de que árvore caem estas bolas cheias de picos e semelhantes a ouriços? Aqui na Telegraph, perto de onde vivo, o chão está cheio disto!

4 Comentários:

At 8:19 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

Não será de acér?
(famosa pela folha na bandeira do Canadá)

 
At 6:00 da tarde, Blogger Jorge M. Rosa escreveu...

Hmmm, fui conferir e parece que não (cf. figuras 3.2 a 3.5) (mas acho que os há aqui)

 
At 7:12 da tarde, Blogger Jorge M. Rosa escreveu...

E mesmo assim, não sei se não terei de engolir o que disse: hoje olhei com atenção para as folhas e com efeito são também folhas de 5 pontas. Mesmo que não seja ácer, talvez seja um parente não muito afastado (mantém-se o mistério).

 
At 5:13 da manhã, Blogger Unknown escreveu...

Tinha a mesma dúvida e acho que encontrei a resposta: plátanos.
https://observador.pt/2017/08/15/platanos-arvores-que-podem-chegar-aos-dois-mil-anos-ter-mais-de-40-metros-de-altura-e-3-de-diametro/

 

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O candidato radical

Quer isto dizer que um voto no Ralph Nader era um voto para o lixo?