Crónicas de Berkeley
13.5.05
Palavras de ordem XXVIII
(Um dos carrinhos de reposição de livros nas estantes da biblioteca. Há mais graffiti deste género: por exemplo - esta é só para os «iniciados» - um que diz «Soylent Blue».)
Matrículas personalizadas CLXXXI
De quem ERA esta matrícula (Califórnia, anos 70)? Aceitam-se apostas.NOT A
12.5.05
Happy happy happy!
Ao meio-dia, quando saí para o almoço, lá estava; às 4 da tarde, já de regresso, lá estava. Sempre com o seu discurso simples mas críptico: «Happy happy happy!». E quem quiser perceber porquê («Wake up, America!»), que se dê ao trabalho de ler as suas elaboradas provas, por exemplo de que Bush=666.
Caça à multa
11.5.05
Palavras de ordem XXVII
SUPPORT YOUR LOCAL HOOKER(na T-shirt de um dos tipos que trabalha na «Desi Dog», a barraquinha que vende cachorros quentes à entrada da Sproul Plaza e que muitas vezes passa música brasileira)
10.5.05
Matrículas personalizadas CLXX a CLXXX
LKY CLBPUDL RSQ
CITY SUV (mais um Mini)
MCLASSN
MYT MAUZ (outro Mini)
FIKRE [hand]
HARTREL
DRM MSTR
DEBELLE
H20FTNS
MELNWIL
Convertam-se, ou dou-vos cabo do canastro!
9.5.05
Fantasy House
Aqui foi, durante largos anos, a sede da Fantasy House, a companhia que edita o histórico Magazine of Fantasy and Science Fiction (F&SF, para os puristas). Ao contrário de quase todas as outras editoras de revistas do género, instaladas em Nova Iorque (a minha fonte é o Science Fiction Handbook, de L. Sprague de Camp, datado de 1975), esta era a única da Costa Oeste. Hoje em dia, seguiram as pressões do mercado e estão em Nova Jersey.
Sem a F&SF, e principalmente sem o seu mais carismático editor, Anthony Boucher, também residente em Berkeley na viragem dos anos 40 para 50, é bem possível que a carreira de Philip K. Dick nem tivesse arrancado. Boucher era um adepto de música clássica e frequentador da loja de discos onde Dick trabalhava. Ao descobrir que Beethoven não era o único interesse comum a ambos, foi Boucher quem convenceu Dick a participar no seu workshop de escrita para ficção científica (Dick não chegou a ir, mas a sua mulher levou a Boucher algumas histórias) e foi também Boucher quem lhe comprou o primeiro conto para publicação.
Mesmo que não contemos com Philip K. Dick, a F&SF desempenhou um papel importantíssimo na elevação da qualidade literária da ficção científica e abriu um espaço para uma SF menos hard e aberta a uma «promiscuidade» maior com a fantasy (embora hoje em dia a indefinição ameace pôr em risco a autonomia da SF). Muitos dos clássicos de hoje (veja-se por exemplo a colecção SF Masterworks, da Millenium/Gollancz) teriam provavelmente sido rejeitados pela Astounding de Joseph Campbell, mas encontraram o seu lugar natural na F&SF. Entre eles contam-se (umas vezes apenas o conto, noutras um serial com uma forma muito próxima da novela) Flowers for Algernon, de Daniel Keyes; A Canticle for Leibowitz, de Walter M. Miller Jr.; e, voltando ao estilo mais campbelliano, o tortuoso conto «All you Zombies», de Robert Heinlein. Foi também aí que Isaac Asimov publicou, durante longos anos, uma coluna de divulgação científica (depois substituído por Gregory Benford). E foi aí editada, imagine-se, uma sátira de Woody Allen intitulada «The Kugelmass Episode».
E pensar que vivo na mesma rua, apenas a 4 quarteirões...
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