8.3.05

Nem tudo é paradisíaco

Hoje à tarde, talvez o primeiro grande choque cultural, em dose dupla.
Primeiro, ao descobrir que receber chamadas no telemóvel implica uma cobrança, tal como se fosse eu a ligar. As chamadas, sejam em plano de assinatura ou (caso quase raro) em crédito pré-pago, são tarifadas de acordo com aquilo a que chamam «airtime», sendo simultaneamente cobrado quem liga e quem recebe. Se acrescentarmos que às chamadas de longa distância e internacionais é cobrada uma taxa extra, chegamos à absurda situação de --- me ligar de Portugal (digamos, por 35 cêntimos por minuto) e de eu estar a ser cobrado, pela mesmíssima chamada, a 1 dólar por minuto. Desanimador.
Depois disso, a primeira lavagem de roupa. Todos conhecem a imagem da lavandaria à moeda, mas não há nada como ter a experiência em primeira mão. É certo que uma máquina de lavar pode custar quase o dobro nos Estados Unidos (nem vale a pena imaginar quanto será um combinado para lavar e secar, que em Portugal custa pouco mais de 100 contos), mas será que ninguém ainda fez as contas ao tempo de amortização de uma máquina de lavar, mesmo contando com o aumento na despesa de electricidade? É que aqui tudo é a pagar: detergente, 50 cêntimos (a não ser que se traga de casa); uma máquina de roupa, $1,75 (convém fazer duas máquinas, uma de roupa branca outra de cor, pois as secadoras têm o dobro da capacidade); cada 8 minutos de secadora, 50 cêntimos (e vai ser preciso pelo menos 2 a 3 períodos de 8 minutos, caso contrário a roupa vem ainda húmida). Total (estimando uma máquina de branca e outra de cor): 6 dólares. Convém trazer qualquer coisa para ler, pois a lavagem dura 27 minutos (vamos presumir que as duas máquinas são postas a lavar em simultâneo) e a secagem, com a média de 3x8 minutos, dura 24. Acrescente-se o tempo de passar a roupa de uma para a outra máquina e o de rearrumar a roupa, e depressa se passa uma hora.
O mais deprimente é o ar baço e velho que todas estas lojas têm, do chão às próprias máquinas. Não se trata de sujidade, como é óbvio, mas daquele tom usado que depressa devem adquirir. Creme, mas na verdade cinzento.