Aventuras à chuva
Há dias assim, cheios de imprevistos e coincidências. No caso, nem se trata de dias, e sim de horas.À saída, vou ao «Circulation Desk» da biblioteca levantar um livro da NRLF (o local onde armazenam os livros menos usados ou exemplares repetidos). Segundo o procedimento habitual, a funcionária perguntou-me o apelido para encontrar a ficha e o respectivo livro. O livro não era o que eu tinha pedido e sim o de um tipo chamado Augustus com um apelido igual ao meu. Qual a probabilidade de dois tipos com um apelido latino pedirem no mesmo dia livros da NRLF??? E será que ele, sem se aperceber do engano, ficou com o meu Bergson?
Quando finalmente saio do edifício, chove consideravelmente - nada aconselhável quando se vem de sandálias. Espero um pouco que abrande, ponho-me a caminho, e já fora do campus recomeça a chover com força. Resolvo então abrigar-me numa espécie de mini-centro comercial cheio de restaurantes asiáticos que fica na Telegraph.
Descubro o que poderia ser uma excelente forma de passar o tempo enquanto espero que a chuva sossegue: uma livraria em segunda mão, que desconhecia ainda. Uma livraria no mínimo invulgar:
- abre «por volta» do meio-dia e fecha às 10 da noite, mas encerra também (não diz a hora) para a siesta;
- hoje estava fechada até às 5h30 da tarde (pouco passava das 4h30) por motivo de greve dos empregados;
- à porta tinha duas mini-prateleiras e mais um carrinho cheio de livros em saldo, entre $1 e $3, mas sem qualquer tipo de protecção anti-roubo para além duma nota manuscrita a dizer «please slide money under the door»!!!
Digamos que esta não é a melhor maneira de se fazer negócio.
Não havia mais nada para fazer (bem que me apeteceu arrombar a porta para ir buscar a primeira edição em paperback do The Einstein Intersection do Samuel R. Delany), pelo que vasculhei o que estava à vista, não encontrando nada de verdadeiramente atraente. Até que os meus olhos repararam num caixote de cartão, quase vazio, que dizia «FREE BOOKS». Leram bem: dizia «FREE BOOKS». Trouxe o único que valia a pena: uma edição da Penguin, velhota, dos Canterbury Tales, do Chaucer.
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